quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Uso do celular na sala de aula

Uso de celular na sala de aula
No entanto, professores e pesquisadores acreditam que, em vez de proibir, as escolas deveriam usar os dispositivos móveis como ferramenta pedagógica. É o caso do professor de física de Minas Gerais André Parreira. Mestre em tecnologia educacional, ele trabalha na capacitação de professores para o uso da tecnologia em sala de aula. “É preciso reconhecer o celular como parte da vida do aluno, e não pode haver um abismo entre a vida e a escola. A questão é ter um projeto pedagógico.
Além da questão utilitária, o aparelho também pode ser um fator de motivação dos estudantes, defende o psicopedagogo Eugênio Cunha, professor da Faculdade Cenecista de Itaboraí e da Universidade Federal Fluminense. Para ele, a questão é saber motivar a turma. “Posso até proibir o celular, mas será que eu vou propor uma aula mais atraente? Acredito que disciplinar seja mais eficiente do que proibir.” Segundo Cunha, o professor deve “ocupar” o aparelho, propondo atividades e fazendo com que os estudantes saibam que, em outros momentos, o aparelho precisará ser guardado
Na mesma linha, o especialista em administração escolar e orientação escolar Hamilton Werneck é contrário à proibição. Autor de diversos livros sobre métodos de ensino, o pedagogo explica que a questão não pode ser reduzida a liberar ou proibir radicalmente. O importante é ensinar aos alunos os momentos de utilizar o instrumento e também a hora de parar.
Entre as vantagens do aparelho, Werneck salienta a capacidade de pesquisa. “O professor pode pedir para a turma descobrir a cotação do petróleo, por exemplo. Além da discussão específica, os estudantes estão aprendendo a fazer pesquisa.”

4 motivos que mostram que usar o celular na sala de aula pode ser algo bom:

O processo atual é de expansão da sala de aula
O celular é capaz de levar o conhecimento juntamente com o aluno a qualquer lugar que ele vá. Ao contrário do que acontece com os cadernos, que os estudantes guardam na mochila e só olham no outro dia, o celular continua sendo utilizado após o final da aula. Sendo assim, utilizar o aparelho na sala pode ser uma forma bem interessante de expandir a capacidade do aluno na busca por conhecimento, além de proporcionar aos professores a implementação de uma novidade mais que berm-vinda no processo de aprendizagem. Nesse novo cenário, professores e alunos podem compartilhar materiais de estudo, encontrando vídeos e artigos interessantes na internet para servirem de referência e auxiliar em determinada tarefa, por exemplo. E os alunos também podem tirar dúvidas uns com os outros por meio de mensagens instantâneas ou grupos de discussão.


Os jovens simplesmente adoram tecnologia
Utilizar a tecnologia como uma ferramenta de apoio à educação pode ser uma estratégia bem produtiva para os alunos, uma vez que eles normalmente adoram celulares, tablets, computadores e outros diversos aparatos tecnológicos — tanto que esses gadgets estão sempre presentes em seu dia a dia. Assim, o fato de poderem usar esses recursos para o estudo pode acabar aumentando sua motivação e, consequentemente, aumentando o engajamento da turma na sala de aula.
O investimento em tecnologia para a educação é cada vez maior
Nos países mais avançados, o investimento em tecnologias que auxiliem o processo educacional é cada vez maior — na Inglaterra e nos Estados Unidos, por exemplo, a verba para a tecnologia é, muitas vezes, até maior do que a verba para a educação em si! Essa tendência de se desenvolver tecnologias que estejam presentes no mundo educacional só ajuda a confirmar que a utilização do celular na sala de aula definitivamente não é mais tão errado assim, não concorda?
Os aplicativos educacionais já são realidade no mercado
Hoje em dia já existem diversos aplicativos voltados para a educação, além de muitos jogos já terem sido desenvolvidos utilizando a técnica de gamification para ensinar de um jeito mais descontraído. Isso sem contar que também já existem empresas especializadas em sotfwares para a área da educação, que possibilitam o controle de cronogramas, a entrega de atividades e a disponibilização de conteúdos extraclasse, por exemplo. A moral da história é que existe toda uma linha de produtos tecnológicos voltados para a educação que não só pode como deve ser aproveitada por professores a fim de proporcionar aos alunos novas formas de aprender.
A Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou, em maio de 2008, uma lei que proíbe alunos de usar celulares e aparelhos eletrônicos como MP3 players e videogames em escolas públicas e privadas da Educação Básica. Está liberada a utilização nos intervalos e horários de recreio, fora da sala de aula, cabendo ao professor encaminhar à direção o aluno que descumprir a regra. O projeto de lei que originou a norma diz que o uso do telefone pode desviar a atenção dos alunos, possibilitar fraudes durante as avaliações e provocar conflitos entre professores e alunos e alunos entre si, influenciando o rendimento escolar. Se por um lado, a tecnologia serve de apoio às ações educacionais, por outro o seu uso exacerbado se torna um empecilho. Há diferenças entre a discussão das formas e dos modos de fazer uso de tecnologias em espaços coletivos e sua exclusão. A escola tem o dever de humanizar e educar cidadãos, posicionando-se por vezes no fio da navalha entre exercer a autoridade e ser autoritária. Não é imprescindível criar uma lei para disciplinar o uso desses aparelhos nas escolas, pois as determinações sobre essa questão podem constar do regimento interno e do projeto político-pedagógico

  Alexandre Sosa e Rebeca Ruschel

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