Uso de celular na
sala de aula
No entanto, professores e pesquisadores acreditam que, em
vez de proibir, as escolas deveriam usar os dispositivos móveis como ferramenta
pedagógica. É o caso do professor de física de Minas Gerais André Parreira.
Mestre em tecnologia educacional, ele trabalha na capacitação de professores
para o uso da tecnologia em sala de aula. “É preciso reconhecer o celular como
parte da vida do aluno, e não pode haver um abismo entre a vida e a escola. A
questão é ter um projeto pedagógico.
Além da questão utilitária, o aparelho também pode ser um
fator de motivação dos estudantes, defende o psicopedagogo Eugênio Cunha,
professor da Faculdade Cenecista de Itaboraí e da Universidade Federal
Fluminense. Para ele, a questão é saber motivar a turma. “Posso até proibir o celular,
mas será que eu vou propor uma aula mais atraente? Acredito que disciplinar
seja mais eficiente do que proibir.” Segundo Cunha, o professor deve “ocupar” o
aparelho, propondo atividades e fazendo com que os estudantes saibam que, em
outros momentos, o aparelho precisará ser guardado
Na mesma linha, o especialista em administração escolar e
orientação escolar Hamilton Werneck é contrário à proibição. Autor de diversos
livros sobre métodos de ensino, o pedagogo explica que a questão não pode ser
reduzida a liberar ou proibir radicalmente. O importante é ensinar aos alunos
os momentos de utilizar o instrumento e também a hora de parar.
Entre as vantagens do aparelho, Werneck salienta a
capacidade de pesquisa. “O professor pode pedir para a turma descobrir a
cotação do petróleo, por exemplo. Além da discussão específica, os estudantes
estão aprendendo a fazer pesquisa.”
4 motivos que mostram
que usar o celular na sala de aula pode ser algo bom:
O processo atual é de
expansão da sala de aula
O celular é capaz de levar o conhecimento juntamente com o
aluno a qualquer lugar que ele vá. Ao contrário do que acontece com os
cadernos, que os estudantes guardam na mochila e só olham no outro dia, o
celular continua sendo utilizado após o final da aula. Sendo assim, utilizar o
aparelho na sala pode ser uma forma bem interessante de expandir a capacidade
do aluno na busca por conhecimento, além de proporcionar aos professores a
implementação de uma novidade mais que berm-vinda no processo de aprendizagem.
Nesse novo cenário, professores e alunos podem compartilhar materiais de
estudo, encontrando vídeos e artigos interessantes na internet para servirem de
referência e auxiliar em determinada tarefa, por exemplo. E os alunos também
podem tirar dúvidas uns com os outros por meio de mensagens instantâneas ou
grupos de discussão.
Os jovens
simplesmente adoram tecnologia
Utilizar a tecnologia como uma ferramenta de apoio à
educação pode ser uma estratégia bem produtiva para os alunos, uma vez que eles
normalmente adoram celulares, tablets, computadores e outros diversos aparatos
tecnológicos — tanto que esses gadgets estão sempre presentes em seu dia a dia.
Assim, o fato de poderem usar esses recursos para o estudo pode acabar
aumentando sua motivação e, consequentemente, aumentando o engajamento da turma
na sala de aula.
O investimento em
tecnologia para a educação é cada vez maior
Nos países mais avançados, o investimento em tecnologias que
auxiliem o processo educacional é cada vez maior — na Inglaterra e nos Estados
Unidos, por exemplo, a verba para a tecnologia é, muitas vezes, até maior do
que a verba para a educação em si! Essa tendência de se desenvolver tecnologias
que estejam presentes no mundo educacional só ajuda a confirmar que a
utilização do celular na sala de aula definitivamente não é mais tão errado
assim, não concorda?
Os aplicativos
educacionais já são realidade no mercado
Hoje em dia já existem diversos aplicativos voltados para a
educação, além de muitos jogos já terem sido desenvolvidos utilizando a técnica
de gamification para ensinar de um jeito mais descontraído. Isso sem contar que
também já existem empresas especializadas em sotfwares para a área da educação,
que possibilitam o controle de cronogramas, a entrega de atividades e a
disponibilização de conteúdos extraclasse, por exemplo. A moral da história é
que existe toda uma linha de produtos tecnológicos voltados para a educação que
não só pode como deve ser aproveitada por professores a fim de proporcionar aos
alunos novas formas de aprender.
A Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou, em maio de
2008, uma lei que proíbe alunos de usar celulares e aparelhos eletrônicos como
MP3 players e videogames em escolas públicas e privadas da Educação Básica.
Está liberada a utilização nos intervalos e horários de recreio, fora da sala
de aula, cabendo ao professor encaminhar à direção o aluno que descumprir a
regra. O projeto de lei que originou a norma diz que o uso do telefone pode
desviar a atenção dos alunos, possibilitar fraudes durante as avaliações e
provocar conflitos entre professores e alunos e alunos entre si, influenciando
o rendimento escolar. Se por um lado, a tecnologia serve de apoio às ações
educacionais, por outro o seu uso exacerbado se torna um empecilho. Há
diferenças entre a discussão das formas e dos modos de fazer uso de tecnologias
em espaços coletivos e sua exclusão. A escola tem o dever de humanizar e educar
cidadãos, posicionando-se por vezes no fio da navalha entre exercer a
autoridade e ser autoritária. Não é imprescindível criar uma lei para
disciplinar o uso desses aparelhos nas escolas, pois as determinações sobre
essa questão podem constar do regimento interno e do projeto
político-pedagógico
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